Resumo: |
A demanda mundial por alimentos, fibras e biocombustíveis impulsionou a expansão da agropecuária sobre o Cerrado brasileiro, colocando o país em posição de liderança no mercado internacional de alimentos e commodities agrícolas. Para o Brasil chegar a essa liderança, os recursos naturais dos quais a agropecuária nacional depende, foram fortemente pressionados. Como resultado, o produtor rural tem enfrentado novos desafios para produzir, como as incertezas climáticas, a resistência de pragas, a degradação dos solos e dos regimes hídricos. Além disso, a crescente demanda por sustentabilidade do campo à mesa e mais recentemente, as adaptações para lidar com os impactos do Coronavírus têm desafiado os produtores do Cerrado. O desenvolvimento de práticas agropecuárias resilientes, que sejam capazes de absorver e lidar com as adversidades, vai deixando de ser um diferencial de agregação de valor para ser o único caminho possível para a sustentabilidade da própria atividade. As propriedades adeptas ao Sistema de Plantio Direto, à Integração da Lavoura-Pecuária-Floresta, e outras práticas da Agricultura Sustentável, têm tido melhora na produtividade, do uso da área (produzem mais com menos) e ainda possibilitam que ganhos associados ao sequestro de carbono sejam potencialmente remunerados se elegíveis aos critérios do mercado de carbono. No âmbito do Acordo do Paris1, compromisso mundial para combater mudanças climáticas, o Brasil se propõem a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 37% para 2025 e 43% para 2030, em relação a 2005. O país também se comprometeu a uma meta de longo prazo de neutralidade climática até 2060. Para alcançar essa meta, será necessário ampliar a adoção de técnicas agrícolas de baixa emissão de carbono, preconizadas no Plano ABC. Nesse cenário se insere o projeto REVERTE2, cujo objetivo é melhorar a eficiência da produção agrícola do Cerrado por meio da recuperação de solos degradados. A iniciativa busca demonstrar a viabilidade econômica de recuperar terras degradadas, em vez de abrir novas áreas para cultivo, e com isso contribuir para a preservação da vegetação nativa. Com o fomento à recuperação de áreas degradadas assegura-se a conservação do solo, a melhoria da produtividade, o sequestro e a redução de emissões de gases de efeito estufa, além de maior resiliência dos sistemas produtivos a eventos climáticos extremos.
Organizadores: ALINE LEÃO, The Nature Conservancy; ARYEVERTON FORTES, Embrapa Informática; CORNÉLIO ALBERTO ZOLIN, Embrapa Agrossilvipastoril; JULIA MANGUEIRA, The Nature Conservancy; MICHEL A. A. COLMANETTI, Consultor do projeto; SANTIAGO VIANNA CUADRA, Informática Agropecuária.
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