Resumo: |
A proibição por parte do governo brasileiro da exploração do sassafrás (Ocotea pretiosa Mezz), utilizado como principal fonte de safrol natural, em matas primárias da floresta atlântica, na década de 90, levou grandes indústrias químicas processadoras de fragrâncias e inseticidas a buscar novas fontes alternativas deste fenil-éter. A descoberta do safrol na espécie Piper hispidinervum, vulgarmente conhecida como pimenta longa, no Estado do Acre, feita por um grupo de pesquisadores do Inpa na década de 70, despertou, nos últimos anos, grande interesse de indústrias nacionais e estrangeiras em relação a esta fonte alternativa. Posteriormente, na década de 90, pesquisadores da Embrapa Acre descobriram que os habitats naturais da espécie estavam somente distribuídos nos municípios localizados no Vale do Rio Acre. Baseando-se nesses aspectos, a Embrapa Acre em parceria com o Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), Department for International Development (Dfid)/Conselho Britânico (ambos, suportes financeiros), Central de Associações de Produtores Rurais de Epitaciolândia e Brasiléia (Capeb), Emater, Ibama e Incra desenvolveu trabalhos com mapeamento e caracterização dos habitats naturais da espécie Piper hispidinervum no município de Brasiléia-AC, com o objetivo de dar suporte à seleção de áreas para estudos de manejo, visando à preservação "in sito" que será estimulada por meio do beneficiamento primário, em escala comercial. Os trabalhos foram realizados no período de 1998 a 1999 em áreas de projetos de assentamentos do Incra (Quixadá e Santa Quitéria) e da Reserva Extrativista Chico Mendes, constituindo-se de três etapas: 1) levantamento de informações das áreas de ocorrência natural de pimenta longa; 2) visitas a populações naturais para identificação e demarcação do habitat da espécie Piper hispidinervum, e; 3) coleta de dados de interesse agronômico referentes à planta e em relação ao histórico das áreas de ocorrência da espécie. Considerando que as populações nativas de pimenta longa apresentam uma densidade altamente variada, selecionaram-se para o mapeamento, apenas aquelas que continham no mínimo 2.000 plantas/hectare. Com base nos resultados obtidos, conclui-se que: 1) a espécie Piper hispidinervum está dispersa, tanto em projeto de colonização do Incra como na reserva extrativista, predominando em áreas de pastagens; 2) a sua predominância nos habitats é elevada quando associada a outras espécies da família; 3) a pimenta longa encontra-se estabelecida nas populações naturais por meio de touceiras, podendo, portanto, ser cultivada por mais de uma planta por cova; e 4) há uma elevada variação de estandes de plantas por hectare devido ao péssimo manejo dado às populações, principalmente com utilização de queimadas. Finalizando, a produção de biomassa dos habitats naturais é baixa (250-2.500 kg) em relação àquela obtida em área cultivada (4.000 kg/ha).
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